Sexta-feira 13



Hoje é sexta-feira 13, um dos dias mais temidos do calendário ocidental. Muitos são os motivos apresentados como justificativas para esse temor. Uma delas relaciona-se com o número de presentes à última ceia de Jesus Cristo.  Os doze apóstolos mais o próprio messias eram 13 pessoas.

Outros relatos associam o número 13 à sexta-feira e a momentos de pouca sorte. Todos associados também a fórmulas para que possamos escapar do azar. Os métodos variam de carregar pequenas ferraduras a patas de coelho. A eficácia deste último método para mim é questionável.  Se pata de coelho desse sorte,  o pobre bicho que tem 4 jamais seria capturado para se transformar em amuleto de sorte.

Em comum essa e outras superstições possuem uma característica comum, a possibilidade de nós contornarmos um destino trágico. Se agirmos da forma correta poderemos agradar as mãos invisíveis que controlam nossas vidas e seremos bem sucedidos em tudo o que fizermos.

Dito assim parece que os deuses ou entidades presentes em todas mitologias não são tão poderosas assim. Ao contrário,  parecem os seres humanos os verdadeiros donos dos destinos de seus deuses.

O problema é que nem sempre logramos o resultado esperado pelas nossas ações. Quando isso acontece a culpa recai sobre a vítima. "Não teve fé suficiente", "deve ter-se esquecido de alguma coisa" são algumas das explicações para a  falha no ritual ou simpatia. Ninguém aceita a vida como ela é.

Às vezes penso que cometemos na vida os mesmos erros de nossas redações, ou seja,  enchemos nossos dias com adjetivos e advérbios e não somos capazes de aceitar os fatos. Tudo precisa ser qualificado, categorizado para ser controlado.
Devemos ser vistos como bichos muito estranhos pelos outros animais. Criamos valores, qualidades e sentidos para a vida enquanto as demais espécies vivem. 

Ao vermos uma perseguição de um animal por criamos uma narrativa em que há um mocinho e um vilão. Na natureza, porém, só há animais em luta por sobrevivência.

Criar histórias, narrativas e mitos é o que alimenta nossa espécie.  Faz com que tenhamos o mínimo de controle sobre nossa existência.

Talvez seja esse o sentido da sexta-feira 13, nos motivar na criação de um roteiro que nos faça conviver melhor com os infortúnios da vida. Como dizem por aí: se não podemos vencero azar, que nos juntemos a ele em uma bela história com um final feliz.

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