São Francisco de Gentileza
Irmão sol, irmã lua, o famoso filme de Franco Zeffirelli narra a vida de uns personagens mais queridos da história do cristianismo, São Francisco de Assis. Conhecido por seu estilo de vida simples e dedicado aos mais pobres, São Francisco é lembrado hoje por sua mensagem ecológica.
Não era um ambientalista como muitos que vemos hoje. O seu envolvimento com os animais foi uma extensão do mandamento cristão de amar o próximo. Simbolizava um retorno ao estado de pureza inicial da humanidade. Procuravam viver da mesma forma que Adão e Eva no Éden.
Comparados a São Francisco, os ambientalistas de nossos dias chegam a ser egocêntricos e megalomaníacos. Slogans como “Salvem o Planeta!”, “Salvem essa ou aquela espécie!”, soariam estranhos aos ouvidos do nosso querido santo.
Talvez o grito mais compatível com a voz do Santo Chico seria “Salvem-se de si mesmos e de seu egoísmo!”. Outro slogan possível “Deixem os animais em paz! São nossos irmãos e irmãs!”.
Ao ler sua biografia, fico com a impressão de que São Francisco de Assis era uma versão medieval do nosso profeta Gentileza. Na verdade, o correto seria afirmar o contrário, mas é impossível negar muitos pontos em comum entre os dois.
Ambos passaram por um período de tormento seguido de um chamado que os levaram a se despojar de seus bens materiais e se dedicar a uma vida espiritual. São Francisco ouviu o seu chamado após ser preso em uma Guerra da sua cidade, Assis, contra Perúgia. Seis dias após a tragédia do Gran Circo Norte Americano que vitimou seus parentes, foi a vez do Profeta Gentileza ser despertado para sua vocação.
Além da simplicidade de vida e a mudança nos rumos dados a seus próprios destinos, os dois têm em comum a simpatia e o fato de nadarem contra a maré de seus tempos. São mensagens cujo teor transcende o relacionamento pessoal e faz-nos refletir como nos relacionamos com a vida.
Já se foram mais de duas décadas desde que visitei o santuário de La Verna, onde São Francisco teria recebido seus estigmas. De lá trouxe um pequeno ícone do santo com sua famosa oração em italiano. Chamou-me a atenção um erro de tradução para o português dos últimos versos dessa prece tão famosa.
Se fosse traduzida como está em italiano diríamos: “é morrendo que se ressuscita para a vida eterna”. Bem diferente do que recitamos por aqui. Parece que o santo de Assis nos lembra, com essa frase, da condição humana, a de seres mortos para a VIDA.
Parece-me ser esse o cerne do pensamento ecológico de São Francisco e até do Profeta Gentileza. A vida humana só tem esperança quando aprendermos a vivermos em mais harmonia uns com os outros e menos preocupados com as coisas tão estimadas por nós.
P.S: Perdoem-me se soei excessivamente teológico, mas a comemoração de hoje pedia.
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