Do mínimo possível


Ao se deparar com o título acima o leitor pode se lembrar de um filme lançado neste ano sobre a anorexia. Fiquem tranquilos! Por meio desta postagem não pretendo fazer apologia a este hábito tão insalubre e perigoso.


Minha intenção aqui é abordar um tema mais saudável e que pode nos ajudar a refletir e melhorar nosso estilo de vida. Refiro-me a um movimento chamado de minimalismo.



Agora a mente de muitos por ir até a década de 1960. Neste período, artistas como Sol LeWitt, Frank Stella, Donald Judd e Robert Smithson romperam a barreira entre os campos da escultura e da pintura por meio de estruturas bi ou tridimensionais chamadas de objetos. Lamento informá-los de que tampouco tratarei deste assunto aqui.


Então, qual é o assunto deste texto? Quero refletir sobre um estilo de vida que se contrapõe ao processo de coisificação das nossas vidas por meio do consumismo. É a isto que se refere o minimalismo.


Neste ponto devem vir a cabeça de quem lê este texto o seguinte pensamento: “lá vem mais uma reflexão chata sobre a diferença entre  ter e ser”. A resposta, desta vez, é sim e não. Sim, pois reconheço ser exagerada essa necessidade de nos definir pelas nossas muitas coisas, e não, pois sei que as pessoas são julgadas pelas suas coisas. Isto é fato!



O problema é quando as coisas se tornam tão importante quanto quem as possui. Parece que nos tornamos uma das coisas dentre as tantas que possuímos. Este jeito de levar a vida tem levado muitos ao stress e a um esgotamento financeiro.


O minimalismo surgiu como um movimento contrário a essa tendência. A principal questão desse movimento é: do que realmente necessitamos? A ideia é termos em nossas casas só o que nos causa paixão, o que realmente gostamos. Não vale ficar com objetos de que gostamos um pouco ou que achamos legal ter. Tem de ser algo muito significativo, o que atualmente não é tanto assim.


O problema surge quando olhamos para as nossas posses e temos de definir o que fica e o que sai de nossas vidas. Tudo o que compramos tem uma paixão, um encantamento, mesmo que isso dê por um breve momento. O primeiro desafio está em separar o que nos seduz por breves instantes para ficarmos com o que nos faz vibrar.



O segundo desafio do minimalismo é não cair nas paixões momentâneas. Uma coisa é esvaziar nossos lares do entulho do consumismo, outra é não entulhar a casa de novo. Ao contrário do que acontece com as aeronaves, a parte mais fácil do minimalismo parece ser a decolagem e não o voo em altitude de cruzeiro. Este é o momento em que o questionamento sobre o estilo de vida atual entra em ação.


Creio que o mais importante do minimalismo seja o ponto de interrogação colocado em nossas vidas. Somos muito habituados a fazer tudo no automático, sem refletir sobre o significado do que fazemos em nossas vidas. Fazemos por fazer ou porque as coisas sempre foram assim.

É óbvio que nunca ficaremos somente com o mínimo possível. Só os animais têm essa capacidade. Podemos, contudo, refletir e ficar com o que nos faz sentir mais humanos e menos coisas.

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