A quem interessa?

Ontem resolvi abrir uma brecha na minha agenda e participar do movimento de reivindicação por melhores condições de trabalho no serviço público estadual. Para minha surpresa e dos demais colegas de autarquia, as falas de cada representante dos institutos, departamentos e secretarais presentes eram muito parecidas. Compartilhávamos ali em frente ao edifício que hospeda a secretaria responsável pela gestão de pessoal do Governo do Espírito Santo queixas similares e, por vezes, iguais. Se tivesse de resumir todas as falas em um único sentimento, seria o de desvalorização.


Os gestores públicos parecem basear sua gestão de pessoal na crença de que basta garantir um salário razoável em comparação aos vencimentos mais baixos da iniciativa privada para ter seus servidores plenamente satisfeitos. Como se um ambiente saudável física e psicologicamente, o respeito aos pareceres técnicos, a necessidade de nos sentirmos elementos humanos e não peças de uma máquina burocrática fossem meros detalhes na vida de um servidor público.

Apesar de não ser adepto de teorias conspiratórias, às vezes me questiono a quem interessa manter o servidor público como mero funcionário público. Pode parecer preciosismo estabelecer uma diferença entre os dois termos, mas o último me parece partir de uma visão pela qual os trabalhadores públicos estão em seus postos para meramente cumprir uma função dentro do aparelho burocrático do estado. Por outro lado, a expressão servidor público tende a humanizar o trabalhador ao colocá-lo como aquele que atende e serve o público em suas necessidades e também como parceiro político nas decisões dos gestores públicos. Infelizmente essa visão tem sido abandonada nos últimos anos o que tem gerado um sentimento de desvalorição do servidor e sua missão.

Este post, por isso, é destinado à população que merece saber que o motivo deste e de outros movimentos de servidores públicos vai além da reivindicação por salários melhores. Isto é só a ponta de um iceberg que nos impede de atuar como parceiros da população, nosso verdadeiro patrão.

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