Horário Comicoeleitoral gratuito

Começou ontem mais uma temporada do programa eleitoral gratuito no rádio e na TV aberta em todo Brasil. Encarado por muitos como um humorístico obrigatório, é bastante questionável a viabilidade desta programação como momento para que a população conheça as propostas dos candidatos a vereador e prefeitos.


Nos últimos anos o programa eleitoral gratuito tem sido muito mais uma fonte de inspiração de programas humorísticos do que uma fonte de informação para os eleitores. Com uma galeria de figuras bizarras que produzem slogans e jingles de qualidade duvidosa, tem-se a impressão de os candidatos usam os seus poucos instantes disponíveis muito mais para alcançar algum momento de fama instantânea do que para expor suas ideias e plataforma aos eleitores.

Ao privilegiar a performance em detrimento do conteúdo, os pretensos representantes do povo transformam o horário em um verdadeiro freak show com todos os ingredientes e personagens essenciais a este tipo de espetáculo. Por ser uma galeria bem diversa, podemos encontrar entre esses tipos um ou outro candidato com algum resquício de seriedade em suas propostas. Afinal de contas, toda regra tem sua excessão.

Nesse tempo de internet mais acessível, em que os mecanismos de exposição de nossas pessoas se ampliam, obrigar o cidadão a perder parte de seu momento de entretenimento com esse festival de bobagens parece um desrespeito e uma falta de bom senso. Os institutos de pesquisa têm apontado essa contradição a cada início de ciclo eleitoral. Agora está na hora de nossos representantes acabarem com tal abuso que em nada contribui à democracia, uma vez que faz com que muitos elejam políticos mais por suas afinidades pessoais do que por propostas discutidas e que representem o ideal de uma parcela da população.

É preciso criar momentos para o debate e apresentação de propostas e não um horário eleitoral em que todos são obrigados a aturar bizarrices e excentricidades para dar um pouco de fama a quem nada tem a nos oferecer. Em outras palavras, é preciso levar a democracia a sério.



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